quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O morto vivo de Hermannplatz

Esse post nao será dos agradáveis. Provavelmente nem um pouco. Perturbador, decerto que sim. Demasiado.

Hoje estive mais uma vez em Kreuzberg, regiao superpovoada de imigrantes, e consequentemente um pouco pobre de Berlin (apesar de em alguns trechos especificos do bairro haver uma respeitavel cena cultural underground e alternativa).

Saí do trem do metro e me preparava para descer as escadarias e subir mais outras. Sozinha. A maior parte dos transeuntes da linha U8 Hermannstraße pegou a conexao para linha U7 e nao me acompanhou no trajeto. Estacoes de metro sao sempre muito sinistras para mim. Adoro metro, mas nao as estacoes.

Pois bem, estava me preparando para descer as escadarias, quando apos te-las descido, avistei muletas, e dois pés de tenis imundos. Tao rapido quanto vi pés e muletas, senti um cheiro putefro, podre, de cadaver. Vinha daquele homem, cujo rosto nao faco ideia de como seja, pois nao consegui olhar para baixo, do meu lado direito.

Segui correndo, com o rosto erguido e o cachecol levantado, cobrindo nariz e boca, mas o cheiro estava lá, e me acompanhava, se espalhava, aquele cheiro de corpo em decomposicao do morto vivo de Hermannplatz. Talvez tivesse o corpo recoberto de feridas, gangrena, ou talvez, como a maior parte dos moradores de rua, nao se banhe ha eras. Nao faco ideia, so sei do cheiro putefrado do talvez morto vivo de Hermannplatz.

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