segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sexy Berlin, um protopost

Bem, estou no trabalho, nao posso me demorar. Mas quero deixar um pensamento que desenvolverei na primeira (ou segunda, quem sabe) oportunidade.
Berlim seduz. Berlim é fascinante. O proprio prefeito da cidade, ante a situacao economica precaria em que Berlim se encontra, disse "Nós somos pobres, mas somos sexy".
Mas o pensamento que quero deixar, após ver tambem a face nao tao sedutora da cidade é:
Berlim é uma mulher lindissima, com um sutien de renda e seda vermelho, mas com uma calcola de algodao surrada e furada.
depois termino

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Berlin começa a se despedir...

Sim, ok, ainda faltam 40 dias. 6 semanas. Parece um monte de tempo, mas não é. Considerando que eu não sentir maio passar, e já se passaram 4 semanas de maio, concluo por tabela que não, 6 semanas não duram quase nada.

Ontem eu percebi de fato a cidade começando a se despedir de mim. Não tava conseguindo dormir, e fui caminhar pela avenida perto da qual eu moro. Eram 9 da noite, e sol tinha acabado de se por, o ceu ainda estava crepuscular, de um azul claro, mudando pra royal, mudando pra escuro. Eu estava ouvindo "I'm waiting for my man" do Velvet Underground no ipod, e me lembrei como as vezes eu percorria esse trajeto na escuridão completa já a essa hora, ou antes disso. Ouvindo essa música, algumas vezes, por coincidencia, all dressed in black (quem conhece a letra entende o porque do ingles). Comecei a visualizar, quase como em filme, as pessoas com que fiz esse trajeto da soutras vezes, o que eu estava vestindo, para onde estava indo. Foi muito estranho, e doeu um pouco, porque já é verao e o inverno passou e quer dizer que um monte de tempo, de dias e temperaturas já transitaram e foram. Pessoas a quem disse até mais, e espero ve-las de novo.

Hoje no metro, comecei a ver que em breve nao veria mais aquele trem amarelo, e as pessoas esquisitas, e que meu ipod nao seria mais minha companhia constante, fazendo de cada momento um pedaco de filme com trilha sonora e tudo.

Berlin está comecando a dizer auf wiedersehen pra mim. E eu sei que depois de todo chororo de saudades e que queria ir logo pra casa, vou soar feito uma louca, mas me autoreferenciando vide lemon lips, eu posso mudar de ideia. Nao gosto de Berlin se despedindo de mim. Mas isso nao nega minha felicidade de saber que logo estarei em casa. O que ta acontecendo, de novo é que, bem, eu to catando os escombros da minha primeira tentativa de lar, que desmoronou geral ha pouco tempo, e to reconstruindo um novo. E agora a perspectiva é bem melhor que antes: eu tenho 2 lares agora, pra quem estava sem-lar há 1 mes atras, me fiz um bom servico até mesmo.

Nao da pra ter tudo ao mesmo tempo, and you cant always get what you want, já dizia Mick.
Vou pra casa feliz, e um dia retorno aqui, eu sei.
Mas agora, vao ser 40 dias de despedidas homeopaticas. Mas tudo bem.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

pois.

Eu estou sumida, negligenciando esse blog completamente. Mas não é só esse blog que negligenciei. Eu andei negligente comigo mesma, por bastante tempo. Abril não foi um mês legal. A solidão me engoliu completamente, o ócio, a ansiedade, e não tive força pra sair dela sozinha de forma fácil. Eu ainda to tentando sair, porque quando há um oceano entre voce e as pessoas que voce ama, inclusive voce mesmo, tudo se torna maior, mais desafiador. Enfim.

Maio começou com várias novidades, visitas, bicicleta, corte de cabelo novo e começo de um estágio pra passar o tempo, aprender novas coisas e conhecer novas pessoas.
Sim, eu estou bicicletando no transito de Berlim, e digo a gente descobre muito da cidade e suas pessoas no transito sobre rodas...e bem, Berlim não é exatamente o que uma pessoa definiria de nice. De insultos de senhoras bicicleteiras na menopausa a velhinhos de andador, passando por xingamentos de ciclistas que tratam as ciclovias como uma pista de treinamento para le tour de france, ja escutei todos. De furar cruzamentos enormes de proporções comunistas descomunais em Alexanderplatz na hora do rush de sexta feira, e fechar os olhos por alguns segundos por achar que assim nada me aconteceria, já fiz também.

Essa semana começou dificil. Como todo mundo tava sabendo, eu vim pra cá pra me inscrever numa academia de cinema. Não rolou. Eles me disseram sinto muito, mas não foi dessa vez por voce, na maior distancia e frieza possivel. Bem, Berlin is kicking my ass. Nas instâncias academicas, burocraticas (mil maus-tratos no departamento de imigracao, na minha segunda visita, onde ouvi de um funcionario "voce por acaso é cega abra seus olhos e procure!" quando perguntei onde era a sala 137) e do transito.

Mas tudo bem, Berlin não ta chutando minha bunda o tempo todo. Ela fez ate questao de dar uma aumentada pra aguentar o tranco durante o abril sombrio e sua orgia calorica, sim comportamento de gordo mental descontrolado, mas a gente tem que tentar achar um escape, e a comida é o mais facil, e o pior, porque depois tem o efeito rebote da calca justa. Mas todo mundo tem problemas, e isso dificilmente deveria ser chamado de problema.

Fato é que ontem quase chutei o pau da barraca, querendo pegar o primeiro taxi pra Tegel e implorar pra um remarque de emergencia de meu voo pra já e agora, usando so a roupa do corpo, porque ando atrasada com o meu lavar de roupa. Mas graças aos suecos que inventaram o skype e minha mãe, eu dei aquela catarse, que quem faz psicanalise desde os 6 anos ta acostumada a fazer, e em 6 meses sem já começa a surtar, abstinencia de um divã. Existe.

E isso só corrobora a minha teroria sobre pessoas como mosaicos: a gente comeca como um recepiente, um vaso, um prato, qualquer coisa. e ao longo da vida a gente vai caindo, sendo arremessado, having our sorry asses kicked, e ficando em varios cacos. o que a gente faz com os cacos é que importa, porque se voce juntar os cacos pra reconstituir a forma original, sempre vai ficar sobrando um espaco aberto, desencaixado, que nao passa mais um com outro. fica feio, mas com a silhueta visivel, tipo uma remanescencia do que um dia foi. a coisa esperta a fazer é juntar os cacos em mosaico, porque na desorganizacao do mosaico outra coisa se forma, que fica bonita, uma beleza verdadeira, por mais que cheia de espacos vazios; mas no mosaico isso nao faz diferenca, num vaso fica feio, no mosaico é o que torna bonito. e ai gente vai quebrando e alguns cacos se quebram em outros cacos, e outros tao pequenos que a gente nao tem mais como incorpora-los no mosaico. e tudo bem, porque se se perdeu é porque nao precisavamos mais deles, e é dificil admitir que a gente nao precisa mais de alguma coisa ja foi parte da gente.

um bom dia pra todo mundo, que eu to começando a ficar atrasada pro estagio.