terça-feira, 26 de abril de 2011

Lar, vida de imigrante, solidão e outras histórias.

Bem, esse post talvez não seja dos mais felizes. A vida, mesmo que seja em Berlim, cidade descolada e cheia de vida, nem sempre é tão incrível assim.

Passei mais de um mês sumida aqui, eu sei. Aconteceram ao mesmo tempo várias coisas e coisa alguma. O que mais aconteceu, contudo, foi a saudade, o choro, algumas gargalhadas histéricas e infinitas, e mais outras coisas.

Fui de novo no departamento de imigração, e lá me senti de fato estrangeira. A vida de imigrante. Ter sempre de estar provando alguma coisa pra alguém, engolir sapo, ser invisível quando se é conveniente, ser a razão evidente quando necessário. Mas em geral, a invisibilidade costuma triunfar.

Eu acho que isso é o que mais dói em estar em uma terra estranha, ser invisível por conveniencia.

Uma coisa que andei pensando, que estou sem lar. Eu tenho uma casa, que acreditava eu estar construindo o meu lar, mas nos últimos tempos é como se esse lugar que eu estava construindo começasse a desmoronar, como se dependesse de um equilibrio rigido que de alguma forma eu não consegui sustentar. Esse é o problema do equilíbrio, e o paradoxo da estabilidade: é uma leveza pesada e rígida. Mas espero retomá-lo o mais breve possível, porque o oposto disso é um paradoxo ansioso, mais desagradavel ainda. Mas o fato, é que eu ando meio sem-lar esses tempos. Com-teto, sem-lar. Antes eu sentia um pouco isso no Brasil, no sentido que ali era a casa da minha mãe, e estava começando a não ser mais o meu lar. Pensei nisso hoje de manhã, e me bateu um desespero: se aqui não é meu lar, e a casa de minha mãe não seria mais o meu, onde seria meu lugar? Mas logo me acalmei, e voltei a chamar o Brasil de "home, zuhause, lar". E sei que a casa de minha mãe ainda é o melhor lá que eu tenho, por hora. Acho que lar é de onde vem amor...quanto mais pessoas que você ama se tem em um lugar, maior a chance de que esse lugar se torne o seu lar.

Sem vontade de fazer um relatório preciso de como foram esses dias, esse mês...foi foda, e tudo que quis muitas vezes foi voltar pra casa, e abraçar. Aqui, quase não existe abraço. Se preparem quando eu voltar, não vou conseguir parar de abraçar vocês, to avisando.