sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

FOTOS, YAY
























































pronto, vocês pediram, aqui vai.






Muro de Berlim





depois tem mais























terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A day in the life

Nao, nao tem nada a ver com I read the news today, oh boy. Até porque, e chame-me de alienada, desenvolvi pavor a noticiario, ate porque noticiario aqui na Alemanha virou sinonimo de Frühstucksfernsehen no sat.1 (um programa que mistura Ana Maria Braga com Leao Lobo e um pouco de Marcia Goldschimdt, porque constantemente há algum barraco envolvendo alguma celebridade alema de segunda categoria, e a cada hora uma serie de noticias requentadas e repetidas) que minha irma coloca enquanto se arruma pra ir pro trabalho. Eu tenho pavor a esse momento, porque a gente tem de ligar o televisor logo nas primeiras horas da manha? Eu sou tao mais a favor de lancar um Revolver dos Beatles, I'm only sleeping e Good day, sunshine, ou o Sgt. Pepper's, com Good morning, good morning, pra dar aquele gás psicodélico no dia.



Mas enfim, divaguei. Como é um típico dia numa vida berlinense. Eu digo, consiste num verbo: CORRER. E em algumas variacoes como: correndo, corrido, e em algumas ocasioes o famoso CORRAO. Pois é, tem horas que faco minhas as palavras da Alice Ruiz em que sou uma moca polida levando uma vida lascada. Claro que isso é um drama, adoro o life style aqui 85% das vezes. Mas sim, eu corro. Eu corro, corro. Correr as escadas da Hauptbahnhof pra nao perder meu trem, ah, virou rotina, e bem, sao 3 lances de escada. Correr pelas ruas do Hackescher Markt para pegar o bonde, bah, sussa. Correr escada acima e abaixo de Alex (e em Alex o movimento é sempre frenetico, e os alemaes sao meio surdos e nao ouvem voce pedir "com licenca, deixa eu passar" e tampouco toleram que voce toque neles, ai eles te lancam, ou melhor, te arremessam aquele evil eye with lasers) lutando para conseguir passar entre a multidao, e realizar a maratona de sao silvestre que é sair da plataforma do trem urbano e descer ate a estacao de metro até a linha U2 - Pankow em apenas miseros 2 minutos, ou 3 quando consigo voar.

Minha vida aqui tambem esta comecando a se consistir num segundo verbo: cair. Oh oui, la maison est tombè, ou pelo menos eu tombo. Explico: a neve se solidifica ate ficar espelhada e virar gelo. Consequencia: quando menos voce espera, voce muda seu estado de homos erectus para homos deitadus, ou espatifadus. No meio da rua ja cai na ultima semana duas vezes como uma jaca! Nao tenho mais pele no joelho esquerdo, e meu quadril direito nao está mais na sua coloracao leitosa, nao, esta zulo, violeta, qualquer cor que remeta a hematoma. A cabeca todavia, protegida, modestia a parte, eu domino a arte da queda, e ainda faco dela um passo de danca que deixaria minha professora de danca contemporanea Edith Merique muito orgulhosa, afinal de contas ela "nunca viu o cabeca cair". E nao cai mesmo.

Bem, nao consigo pensar em mais nada, e me despeco aqui com essa mensagem:

Às avessas, hoje tudo está hilário,
às avessas, pois é tudo ao contrário
lixo é ouro, e grama é jardim
às avessas, isso é Berlim

domingo, 24 de janeiro de 2010

Berlim, minha cidade

A vida em Berlim é minha vida. Minha cidade, minha rua, as pessoas estranhas, os cheiros (nem todos apetitosos, verdade), as plataformas de estacao, os metros, o bondinho, as lojas, o resquicio de muro...Berlim, mon amour.

Vou colar a traducao de uma musica que é a declaracao de amor a Berlim

Haus am See - Casa no Lago

Aqui foi onde nasci, caminho pelas ruas
Conheco a cara de cada casa, cada loja
Preciso dar uma saida, conheco cada pomba aque pelo nome

O sol se poe, tudo voa por mim
E o mundo atras de mim comeca a ficar bem pequeno
Mas o mundo que esta a minha frente é feito pra mim
Eu sei que ele espera por mim, e eu o busco

Eu tenho o dia ao meu lado, o vendo sopra em minhas costas
E um coro de mulheres na rua cantando pra mim
Eu olho pra cima e olho o ceu de um azul profundo
Fecho os olhos, e caminho apenas em frente

E no fim da rua tem uma casa no lago
Folhas laranjas ficam no caminho
Eu tenho 20 filhos minhas mulher é linda
Todos passam por aqui, eu nao preciso sair

Eu procuro uma terra nova com ruas desconhecidas
Rostos desconhecidos, e ninguem sabe meu nome
Eu cavo tesouros da neve e da areia
E as mulheres me roubam todo o juizo
E uma hora a sorte me segue
E volto com uma bolsa cheia de ouro

Eu convido todos os parentes e os velhos passaros
E todos comecam a chorar de alegria
Nos comemos a comida da mamae e bebemos schnapps
E festejemos todas as noites por uma semana


(fiz uns cortes e as alteracoes de genero cabem a voces)
boa semana!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sight Seeing: Sachsenhausen KZ, Muro de Berlim, Brandemburger Tor, outras coisas mais e a resurreicao do Morto Vivo de Hermannplatz em Alex

Ok, ok, meobrasil.
Eu sei que estou absurdamente, sumida. Só para voces terem ideia, esse post estava nos meus drafts do blogspot desde o dia 10 de janeiro, há quase 2 semanas atrás.

Contudo, é preciso um pouco de compreensao: o tempo aqui nesse hemisterio boreal possui uma velocidade deveras acelerada, que se nao chega a ser a da luz aproxima-se muito da do som.

Bem, há exatas duas semanas, como dito, Tomás, amigo querido que está morando em Santiago de Compostela, chegou, junto com dois amigos. No primeiro dia fomos a Sachsenhausen, e ainda continuo na promessa de que vou dedicar um post só ao campo de concentracao, o que será quando eu for de novo sozinha para poder "apreciar" o local em sossego. Estava feliz por demais no dia que fui por rever o Tom, e por isso nao entrei na vibe como deveria.


Bem, na sexta fomos fazer o Sight Seeing Parte 2: Muro de Berlim, Portao de Brandenburgo e etc e tal. Eu estava kapputt sem fim na sexta de manha. Nao tenho vocacao para turista e acho sight seeing uma modalidade esportiva tao exaustiva quanto a Maratona de NY. Confesso contudo que me diverti horrores no Muro, altas fotos, altas mesmo.

No sabado encontrei Daniel (amigo meu muito berlinense). Mas nao foi assim tao facil. Fui convidada por ele e seus amigos para uma festa em Ostkreuz (fica no Distrito Friedrichshain, Berlin Oriental). Combinado era que eu seria apanhada as 23h na estacao de Ostrkreuz. Beleza, eu sabendo que Daniel se atrasa normalmente uns 20 minutos para tudo, cheguei la as 23h20 e nada dele. E comecou a nevar, e os ponteiros do relogio passando, e eu esperando embaixo da nevasca, sozinha, numa noite de sabado num estacao de metro ao ceu aberto. Maravilha. Eu estava ainda meio kaputt da maratona turistica, e nao havia um unico telefone publico no recinto, e como eu nunca havia estado la pelas areas de Friedrichs, eu nao queria ir sair pelas ruas atras de um telefone de moedas. Quando eu já estava desistindo de esperar, isso lá pelas 00h15, ja havia chorado de raiva e frio (umas lagrimazinhas bem discretas, ok) eu vejo pela janela do trem que estava por parar o dito cujo.

Fomos para um ape de alguem, e depois fomos para Prenzlauer Berg, a melhor parte de Berlim, na minha singela opiniao de berlinense recem-convertida (sorry Bruni, mas nao vi nada de excepcional em Alex!), para uma festa de Drum n Bass. Para isso tomamos o trem de Ostkreuz para Alex, onde pagariamos o metro ate Eberswalderstraße, em direcao Pankow. Qual nao foi minha surpresa, enquanto caminhavamos, um grupo bem legal de alemaes, inglesa, estadunidense e brasiliera, em direcao as escadarias para plataforma da linha U2 quando senti aquele cheiro. Sim, aquele cheiro de Hemannplatz, do homem decomposto. Logo apos o cheiro, vi as muletas e os tenis encardidos "brancos" e vermelhos. O Morto Vivo de Hermanplatz (que corrigindo, nao fica em Kreuzberg, e sim em Neuköln) havia ressucitado em Alex, Alexanderplatz. Como ja conhecia cheiro, muletas e sapatos, desci uma outra escada, para nao ter de aproximar-me dele. Depois, o Marze me perguntou porque eu me separei na descida e eu expliquei que ja havia encontrado aquele homem antes e que nao queria me confrontar com o cheiro outra vez, uma vez bastou. Ele me deu toda a razao.

Chegamos na festa, dancei como louca, e la pelas 5h30 ou por ai peguei o metro pra casa, ate a Hauptbahnhof, estacao mais perto de minha casa que dista 15 min de paleta de minha budega. Eu estava ultra sem saco de andar na neve, vento e frio as 6h da matina, mas nao vi um unico taxi dando sopa pela rua. Dormi na estacao nao era nenhuma possibilidade, entao transformei meus ovararios em testiculos e fui enfrentar aquele frio hediondo. Correndo como louca, porque é uma escuridao pitch black, e bem descobri por esses dias que minha rua fica na esquina do presidio (pronto, minha mae e avós vao cair pra trás agora!). Mas como penso que Alemanha nao é Brasil, e que aqui nao é aquela esculhambacao toda, acho que confio no sistema penitenciario. Nao mentirei contudo que me senti feliz quando cheguei em casa e despenquei na cama.

Na segunda passada, foi meu 1 dia de aula, e esse processo escolar devo dizer é o que tem me tornado tao absente nesse blogue. Me desculpem tambem se faltam virgulas nos lugares certos mas é que a pontuacao alema é bem esquisita e nos ultimos tempos tenho escrito somente linhas germanicas. A escola é otima, e os professores que pego sao quase todos bons, sao tres, dois caras e uma mulher. Nao gosto muito de um, rá, pasmem, nao é da mulher! Nao consigo engolir muito meu professor da primeira aula, sei la, a metodologia dele nao me agrada etc e tal. Whatever. O que sei é que modestia a parte, estou arrebentando.

Na terca eu e Max, um colega meu do UK pretendiamos ir a uma exposicao de Salvador Dali, apos a aula. Bem, ao chegarmos na galeria ela estava fechada e resolvemos entao sair passeando por Potsdamer Platz. Apos paletarmos uns 3km, chegamos ao verdicto de que estava muito frio, tomamos o trem em Friedrichestraße (nao confundir comn Friedrichshain!) e voltamos a Prenzlauer Berg. Fomos a um café super aconchegante e conversamos ate umas 21h, quando voltei pra casa e despenquei dura na cama.

Na quinta, eu e o Daniel fomos ao cinema e vimos o novo filme do Fatih Akin (diretor alemao filho de imigrantes turco que dirigiu o maravilhoso Contra a Parede, um drama hard core, quem tem visceras resistentes e uma tendencia masoquista, recomendo muito) Soul Kitchen, uma comedia deliciosa! Me dobrei de rir sem parar! Depois fomos a Weinerei, que é pra mim um dos lugares mais deliciosos de Prenzlauer. Wein, é vinho em alemao, logo Weinerei é a Vinharia por assim dizer. Consiste de um bar-café, no qual voce chega la, paga 2 euros pela 1 taca de vinho, e depois vc pode ir la dar uma de refil e pagar so 1,50 por taca´, e tem pelo menos uns cinco vinhos diferentes da cada tipo (tinto e branco). Conversamos até a hora que o bar fecha, as 00h30 e fomos convidados e voltar pra casa. Corremos ate a estacao de metro de Eberswalderstraße, e fomos ate Alex. Nota: era o ultimo metro da noite, e eu nao tinha mais do que 5 euros no bolso.
Chegando em Hauptbahnhof, as 2h da manha da quinta feira, eu nao tinha mesmo o minimo saco para andar. Mas nenhum taxi queria me levar ate em casa, porque o trajeto era muito curto, e se fossem me levar, teria de pagar 10 euros. Eu achei que estava surtando, porque ate entao minha sorte com taxistas tinha sido excelente. Eu muito chateada disse que 10 euros nem a pau, porque sabia que dava no maximo uns 5,50. Andei, e cheguei em casa, sem um arranhao.

No fim de semana fui de novo a Großnaundor porque haveria uma festa a fantasia no sabado. Fui fantasiada de uma mistura de Brigitte von Hamersmarck e Shoshanna Dreyfuss. Well, a musica era uma merda, e so tinha true alemao la. Explicando melhor: existe uma diferenca brutal entre os alemaes de vilarejos da Saxonia e os de Berlin. Devido aos muitos anos de comunismo, socialismo, whateverismo, eles nunca tiveram contato intenso com estrangeiros e eles ainda nos olham como algo fora do comum, nao digo com preconceito, mas como algo fora do comum, e nao os culpo: afinal, que brasileira em alto verao baiano iria se fantasiar para um baile de carnavel num vilarejo de mil habitantes? Frisando, a festa nao foi em minha Naundorf, foi noutra vila, Medingen. O lugar estava cheio, a musica estava scheiße, mas de uma forma ou de outra, acabei me divertido.

Esssa minha segunda semana de aula esta sendo otima. Segunda a noite fui a casa de Ben, eu colega sueco meu da escola, apanha-lo para irmos para um cosy gettogether na escola. Ele aluga um quarto no ape de um fotografo, um cara muito gente boa, um quarentao mas com uma cabeca super jovem, o Heiko. Nos tres conversamos uma boa hora, e bebemos um vinho organico artesanal muito bom. Fomos a festinha, e depois a Weinerei de novo (minha mae vai cair pra tras umas mil vezes ao ler isso, que eu estou bebendo em plena segunda feira, mama, nao se preocupe nao é muito, é uma coisa cultural aqui) e depois a Kultur-Brauerei, uma discoteca que fica a duas quadras da escola. Todo mundo estava la. Berlin, é incrivel: voce pode cair na balada todos os dias, ate segunda (mas aos domingos nenhuma padaria abre, vai entender!). Dancei, dancei, e as 3h30 peguei um taxi e fui pra casa.

Heiko e Benny me disseram que eu podia pernoitar no sofa da cozinha, que nao tinha problema nenhum, eu ate pensei em aceitar e economizar os 10 euros do taxi, mas eu havia dito a Meli que voltaria pra casa e nao consigo imaginar como ele se sentiria ao acordar na terca feira e nao me ver deitada no meu lado da cama. Ademas, Benny fez o favor de derramar, acidentalmente, um canecao de cerveja em mim, de forma que nao dava pra eu reutilizar a roupa no dia seguinte. Conheci um rapaz bem simpatico nessa festa, vou encontra-lo esse fim de semana, eu acho, ele me convidou ate para o seu aniversario, muito simpatico, tipico berlinense. Ele e Ben foram me levar ate o taxi, e no caminho paramos numa loja de Dönner Kebab que fica aberta 24h. O taxista foi super simpatico e conversou comigo altas horas, um amor, achou a principio que eu era berlinense e que ficou contentissimo que eu era brasileira e etc e etc.

Na terca estava acabada ate dizer chega. Mas ainda assim levei as aulas bem. A noite de terca, fomos ver o show de Buena Vista Social Club. Meeiro ate nao ter fim, cheguei a dormir um pouco, e fiquei feliz quando acabou e eu me encontrava sentada no banco do metro. Ontem reencontrei o Felix, amigo meu desde a epoca do Gymnasium la do intercambio.

Hoje fiz umas comprinhas na H&M! Novidade! Ah, comprei uma colecao em tres volumes sobre a persiguicao dos judeus na europa, por 14 euros, uma barganha!

Acho que é isso amanha é sexta, dia de festa, acho que vou numa discoteca de indie que descobri. Sei que devo ir ver o Cabinete do Dr. Parnasso de Terry Gillian e a Serious Man dos Coen. Descobri uns cineminhas de bairro muito aconchegante la por Prenz. Ah, e o novo do Woody, acho que chama Whatever Works, ou algo assim, vou assistir. Acho que amanha, como warm up. Let's see.

Ai, chega!
Um beijo!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sachsenhausen KZ - Um protopost

Hoje chegou Tomás, querido amigo meu que está intercambiando em Santiago de Compostela. Juntamente com ele, vieram mais dois amigos seus brasileiros, uma garota e um rapaz. Os busquei em seu hostel em Rosa Luxemburg-Straße, e ai decidimos fazer um dia de turismo bem genuíno. Optamos entao por ir ao Campo de Concentracao de Sachsenhausen, que fica nos arredores de Berlin.

Pois bem, nos informamos que teriamos de tomar a linha S1 a partir de Friedriechstraße, em direcao a Oranienburg, e parar só no fim de linha, ou seja, em Oranienburg. Tudo muito bem, assim que saimos do metro em Friedriech, descemos correndo para a plataforma de onde saía a linha S1 e por sorte havia um trem já lá. Timing perfeito, foi o que pensamos. Estavamos numa boa, quando comecei a perceber que o trem estava parando em estacoes distintas. Bem a tempo. Eis que tinhamos entrado no S2, e nao no S1.

Corrigido erro, chegamos em Oranienburg. Logo ao sair da estacao, vimos placas apontando para o Sachsenhausen, diziam distar 2km de lá. Caminhamos, e caminhamos, e nunca que chegavamos. Até que após uns 25 minutos de paleta, embaixo de neve, avistamos os muros de arames farpados. Dedicarei um post melhor sobre isso depois, pois estou exausta! O campo é enorme, longe, e só cheguei em casa lá pelas 19h, estou kapputt.

Um beijo

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O morto vivo de Hermannplatz

Esse post nao será dos agradáveis. Provavelmente nem um pouco. Perturbador, decerto que sim. Demasiado.

Hoje estive mais uma vez em Kreuzberg, regiao superpovoada de imigrantes, e consequentemente um pouco pobre de Berlin (apesar de em alguns trechos especificos do bairro haver uma respeitavel cena cultural underground e alternativa).

Saí do trem do metro e me preparava para descer as escadarias e subir mais outras. Sozinha. A maior parte dos transeuntes da linha U8 Hermannstraße pegou a conexao para linha U7 e nao me acompanhou no trajeto. Estacoes de metro sao sempre muito sinistras para mim. Adoro metro, mas nao as estacoes.

Pois bem, estava me preparando para descer as escadarias, quando apos te-las descido, avistei muletas, e dois pés de tenis imundos. Tao rapido quanto vi pés e muletas, senti um cheiro putefro, podre, de cadaver. Vinha daquele homem, cujo rosto nao faco ideia de como seja, pois nao consegui olhar para baixo, do meu lado direito.

Segui correndo, com o rosto erguido e o cachecol levantado, cobrindo nariz e boca, mas o cheiro estava lá, e me acompanhava, se espalhava, aquele cheiro de corpo em decomposicao do morto vivo de Hermannplatz. Talvez tivesse o corpo recoberto de feridas, gangrena, ou talvez, como a maior parte dos moradores de rua, nao se banhe ha eras. Nao faco ideia, so sei do cheiro putefrado do talvez morto vivo de Hermannplatz.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Refazenda, refazendo toda guariroba

Pois bem, vou agora voltar ao velho molde e fazer desse blog uma especie de diario e contar parta a parte de como tem sido a vida nos ultimos dias. Provavelmente ninguem vai se interessar tanto, mas pelo menos eu, daqui uns 3 meses vou poder reler isso e me lembrar das coisas.

Dia 30, quarta passada, eu e Melita fomos para Grossnaundorf. Fica a apenas 220 km de Berlin ou algo do tipo, realmente nao e longe, especialmente quando se pensa que tal trajeto e feito na Autobahn (auto estrada alema), na qual se voa a 160km por hora. Bem, o unico problema e que eu tenho "enjoo do movimento", ou seja, em qualquer meio de transporte terrestre eu fico verde e amarela como a bandeira do Brasil, paracendo haver uma tsunami em meu estomago cujas ondas sao constituidas de meu acido gastrico.

Apos muita respiracao e pensamento positivo "nao vomita, vegah", chegamos. Ra, uma outra coisa, eu estou admirada com minha paciencia e capacidade de fingir que nao estou desesperada quando estou, na verdade. Explico melhor. Minha irma tem uma verdadeira fixacao por tudo que e latino, especialmente musica, mas aquelas beeeeem melosas dignas de trilha sonora de novelas como Maria do Bairro. Quem me conhece sabe que meu ouvido e sensivel, exigente e chato, e que nao tenho tolerancia para musicas das quais nao gosto. Imaginem voces entao, eu confinada num carro por 2 horas ouvindo bachatas e outras coisas do tipo. Mas fui uma boa garota e cantarolei o Magical Mystery Tour mentalmente.

Entao, chegamos e foi uma delicia, reencontrei todo mundo aquelas coisa toda. Ai noutro dias, voces ja sabem, comprei a Nikita, passei reveillon em casa, sai paletando pelas 2 ruas que formam Grossnaundorf e fotografando. Bem no clima de Winter Wooskie "who's that girl, she must be nearly freezing..." e por ai vai. Grossnaundorf, querida vilazinha, e minha pequena Penny Lane, ha criancinhas brincando nos quintais nevados, vovozinhas andando e todo mundo que passa por voce para para lhe desejar um bom dia e dizer ola.

Sabado fui para uma discoteca em Dresden, a Spinnerei (que significa ou Roca de Fiar -traducao literal- ou algo como "O Surto" numa traducao mais de giria) para uma festa chamada A Night to Remember. Foi otima, cheguei arrasando, toda lady in black com direito a luvas de cetim ate os cotovelos (como disse Alvaro, aqui posso por meu lado indie-glam-perua para fora), bebendo vodca cola com canudinho preto. Dancei horrores, conheci um alemao lindissimo, que chegava a parecer sueco e passei a noite inteira na discoteca dancando e conversando com ele. Claro que todo mundo de Grossnaundorf no dia seguinte ja sabia que eu tinha passado a festa toda com o tal elemento. Coisas de cidade pequenina.

Houve um pequeno e assustador incidente. Estava eu subindo as escadas da Spinnerei, quando dou de cara com um cara, careca, todo de preto, com bottom de uma suastica na camisa e alargadores com a cruz de ferro nas orelhas. Sai correndo escada acima, sem olhar para tras. Mas devo sair em defesa dos alemaes, ao afirmar que aquele ser pertence a uma minoria, e que a maior parte dos alemaes considera os neo nazis uns imbecis.

Domingo voltei para Berlin. A viagem de carro foi menos traumatica para meu estomago, mas durou mais, pois a estrada estava super escorregadia por conta do frio, que a deixa congelada, e da neve. Mas chegamos em seguranca, gracas a Deus. Houve uma mudanca de discos na volta, na ultima uma hora ouvimos coisas mais difundidas como Beyonce (all the single ladies, uhuhuhuhu), Kate Perry, Coldplay, e Peter Fox, um cantor alemao que conheci nesse dia, que faz um som super de responsa (momento VJ MTV), cijo link da musica Haus am See eu ja postei aqui, e devo dizer que a danada fica na cabeca.

Ontem reencontrei um amigo, o Daniel, que conheci quando trabalhei no Albergue em janeiro passado. Demos uma volta por Prenzlauer Berg, andando a esmo, foi excelente, mesmo com o fato de que estava fazendo super muito frio, e que eu tinha sapatos inadequados para caminhar no chao escorregadio, por conta de neve derretida re-congelada. Quase cai algumas vezes, mas Daniel, muito gentil me apoiou em todas essas tentativas de tombo. Nao posso dizer que me queixei, estaria sendo hipocrita. No cmainho passamos peloo portao lateral de um cemiterio judaico, deu para fazer umas pseudo-fotos da estrela de David de ferro esculpida na grade, e do muro de tijolinhos vermelhos. Fomos para um cafe logo na esquina, super aconchegante e bonito, onde se tocava muita bossa nova, Vinicius, Tom, amo Berlim por isso, a unica certeza que voce tem sobre a cidade e que voce vai se surpreender.

Hoje tinha de ir a Kreuzberg apanhar a copia da chave do ape com uma amiga de Meli. Andei ate a Hauptbahnhof como sempre e esperava pelo trem urbano para Alex, onde pegaria o metro para Hermannplatz. Tava esperando la, mas nao tinha ainda 100% de certeza se o trem que se aproximava, fiz entao o que qualquer pessoa faz, perguntei a alguem que estava ao meu lado na plataforma. Eis que calhou de ser um italiano muito bonito (ja havia mencionado que o que menos se encontra aca e alemao) que estava tambem indo para Alex e de la iria para Hermannstrasse, que seriam 2 estacoes de metro depois da minha. Fomos conversando o caminho inteiro e depois dissemos tchau. Ultimo dia dele aqui em Berlim. Pelo menos nao precisei fazer a mini-viagem de 30 minutos ate Kreuzberg sozinha e tinha algo muito bonito para olhar, afinal quando se viaja de metro nao ha paisagem alguma. Bem, basta dizer que Vicki (a amiga) nao foi trabalhar hoje, pois estava doente, de forma que ainda nao possuo uma copia da chave do ape onde moro, mas tudo bem, essa semana ainda se resolve isso.

Ufa, agora ja cansei. A mim e a voces. Um beijo

P.S eu consegui resolver a sitiuacao do laptop. Experimentei a bateria do note de minha irma e funcionou, finnaly music again. Por sinal, lavei o banheiro da casa ao som do Revolver, e de Ida Maria e Ultra Orange and Emanuelle.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Berlin, mon amour

Olha só, to sem tempo nenhum de escrever. Melhor dizendo, estou sem computador para escrever, e explico melhor: estou sem meu laptop. E estou sofrendo com isso, nao escuto uma nota musical dos Beatles, Belle and Sebastian ou Ida Maria ha uma semana. Uma fucking semana. Já rodei atrás de um adaptador de tomadas, e so encontro o sentido de conversao alemao-estrangeiro, e nao estrangeiro-alemao (ok, na verdade só procurei em uma loja, lá em Dresden), mas tenho fé que vou achar (se nao encontrar ate quinta ou coisa assim vou simplestemente levar a tomada ate uma oficina e pedir que ela seja toda convertida em alema, compro um adaptador alemao-brasileiro e fica tudo certo quando eu voltar pra casa). Mas sim, voltando a falta de computador: minha irma e familia alema em geral (mas aqui em Berlim estamos só ela e eu) nao tem a grande fixacao por internet e suas coisas legais como eu, entao eu sinto que toda vez que fico mais do que 20 minutos seguidos no comp de alguem aqui, olhares de desaprovacao comecam a ser lancados na minha direcao, melhor entao é nao abusar. Mas ai voces perguntam: como ela entao escreveu um post certa feita de mais de 10 paragrafos? Rá, responderei: no computador da escola de idiomas, ali apesar da internet ser mais lenta do que uma tartaruga idosa e com artite reumatoide e osteoporose, tenho toda a liberdade de tempo do mundo yay!

Bem, voy dar uma lidinha agora, estou lendo um livro fodao, Os Catadores de Conchas, nao consigo parar de ler.

Um beijo.

Temperatura local: -6 graus. Das ist Berlin, mon amour
Ahhhhh, video de uma musica especie de ''trilha sonora'' de Berlin (é sobre a cidade e etc).
http://www.youtube.com/watch?v=gMqIuAJ92tM&feature=PlayList&p=BEAA14D23D484D8D&playnext=1&playnext_from=PL&index=6

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

2010, Olá

2010. Uma década do mais novo milenio se completa. Incrível.
Ontem, nao fiz festa de ano novo, nao houve super producoes, nem gargalhadas escandalosas, dancinhas freneticas nem fogos de artificios ou porres homericos de perder a dignidade na boate.

Mas nao faz mal. Nao me fez falta. Foi algo introspectivo, a transicao se foi fazendo em partes, de partes e por partes, de dentro para fora, ou melhor dizendo, do avesso . Acho que comeco a me transformar (ou me consolidar? nao sei bem) em alguem as avessas, e isso nao é ruim, ao contrario, pois estar do avesso é estar de dentro para fora, autentico, essencia.

Acordei, e mais uma vez estava nevando, o meu vilarejo estava todo branquinho, telhados, as arvores nuas, o chao e os carros, todos recobertos de neve dura, ja congelada, nada para bonecos de neve.

Finalmente, comprei minha camera, uma nikon, linda de morrer. A vi ontem e sabiamos que pertenciamos uma a outra. Tem ate nome, Nika Silberstein, ou Nikita para os intimos. Entao, pessoas felizes, em breve muitas fotos serao postadas aqui. Mas hoje pela manha ja saí para experimentá-la por aí, fotografando pequenos pedacos de natureza invernal, de still nature, mas nao na traducao literal, de natureza morta, porque nao, ela estava viva, mas tranquila, quieta e silenciosa como só a natureza invernal pode ser.

Aqui, até as as árvores sao organizadas, elas se distribuem em perfeitas filas, e cada tronco dista um braco do outro, tudo muito bom, tudo bom demais.

Continuo com a sensacao de que aqui é um pedaco de viagem no tempo, de volta para o futuro, para o passado, e para um hibrido dos dois, e mais o presente, porque as coisas mudam, claro, mas ao mesmo tempo as coisas aqui se conservaram muito nos últimos cinco anos, talvez seja o gelo.

Acho que por hora nao tenho muito o que dizer mais, retorno a Berlin no domingo e ai vamos ver, as surpresas que aquela cidade inacreditavel tem para mostrar.

Um beijo, meus queridos.
Ein Kuss, meine Liebe!

P.S: de Berlin posto mais coisas sobre o reencontro com os amigos de Großnaundorf e a viagem de Berlin para ca, mas aqui estou sempre com bastante gente, e nao posso ser deselegante de ficar aqui, isolada de todos no quarto do computador. Nao seria elegante, e tampouco meu desejo, pois quero aproveitar cada uma dessas pessoas aqui, so as vejo a cada dois anos! E porque tive sorte de ser tao curto o intervalo de tempo!